quinta-feira, 21 de julho de 2011

Desafio ...

Pessoal, vamos lançar o primeiro desafio destas férias (esperemos que seja bem aceite)...
Chama-se " Leituras de Verão "...
Este consiste, simplesmente, num resumo de um livro que vocês gostem muito.. fazem-no e enviam para eraumavez_blog@hotmail.com... publicaremos a vossa sinopse...
:)
Então pessoal, quem alinha?

     Sara
     Kika

quinta-feira, 30 de junho de 2011

**Angélico Vieira**

                          


Hoje foi o último adeus a Angélico Vieira. De nome Sandro Milton Vieira Angélico, este rapaz cantou e encantou várias gerações e em várias ocasiões...
Deixou-nos com apenas 28 anos, num acidente de carro, quando se dirigia para Lisboa.
Como pessoas sensíveis, aqui deixamos uma última homenagem...
Gostasses de mim - Angélico Vieira(videoclip oficial)

terça-feira, 28 de junho de 2011

Aviso :(

     Caros seguidores, leitores e restantes visitantes:

     Como nós dissemos na primeira publicação, uma de nós habita em Aguiar da Beira e a outra habita em Trancoso; uma vez que iniciamos as férias, vamos separar-nos, pois a Sara mantém-se em Aguiar mas a Cristina vai para Coimbra. Desta forma, vamos parar com as publicações do blog em relação há história, pois não achamos justo que a história continue a ser publicada estando nós separadas. Publicaremos anedotas, notícias, talvez lancemos desafios ( se estes tiverem aceitação)... o blog continuará em actividade...
     Em Setembro, ponderaremos a hipótese de voltar a publicar na íntegra, tal como fazíamos até agora, os capítulos da história. Até que esta esteja acabada, talvez não seja publicado mais nenhum capítulo completo.
     Pedimos que compreendam a nossa situação, pois já fomos avisadas de plágio da nossa história.
     Mais uma vez relembramos que continuaremos com publicações.

     Sara
     Kika

sexta-feira, 24 de junho de 2011

final do 3º capítulo

Íamos a entrar para a carrinha quando Patrick nos barricou a passagem:
            - Patrick, o que estás a fazer?
            Antes que ele me respondesse, Thomas saiu da carrinha e os meus pais aproximaram-se:
            - Sam, há muito que tento dizer-te: eu adoro-te… adoro-te desde que entrámos para o 1º ano... adoro-te desde o dia em que fizemos par na dança da escola, quando fomos finalistas no ciclo... adoro-te desde sempre… O e-mail que me mandaste não serviu de nada…os nossos pais são muito amigos e o teu pai disse ao meu que ias para Miami, Sam, para Miami, e não nos disseste nada…não me disseste nada…como pudeste? Pensava que éramos amigos desde pequeninos…desde as nossas férias em Portugal, quando tínhamos apenas dois anos…desde que temos ambos raízes portuguesas…
            Patrick ficava diferente quando estava triste… O seu cabelo loiro impecavelmente bem tratado estava desgrenhado, conferindo-lhe um ar giro. Os seus olhos azul-mar faziam qualquer pessoa perder-se na imensidão de cor. Mas a sua expressão de tristeza estava patente em cada olhar que ele lançava, em cada palavra que soltava, em cada posição que tomava; mexia nervosamente os braços e as mãos, ficando constantemente desconfortável.
            Quando me senti em apuros, Thomas intercedeu e disse:
            - Sam, vamos… temos que ir… - e pôs-me a mão no ombro.
            Patrick ficou a olhar como se lhe tivesse caído o mundo aos pés e balbuciou:
            - É por ele que vais embora Sam? É por ele?
            Oh não, Patrick percebeu tudo ao contrário…
            - Claro que não, eu vou porque…porque…porque vou estudar algo que gosto… tal como tu gostas de Engenharia eu gosto de Investigação… não tem nada a ver com Thomas… somos apenas amigos…
            -Claro, amigos…conta-me histórias…sabes bem que é difícil acreditar nisso!!!
            Para evitar mais sofrimento, decidi pôr fim à conversa e fui extremamente frontal, chegando até a ser rude:
            - Olha, não é por causa dele. Mas e se fosse? Tu não és ninguém a quem eu tenha que dar justificações. As únicas pessoas que merecem explicações são eles – e apontei para os meus pais, que estavam estupefactos – e já as têm. Desta forma, suponho que não há mais nada a dizer. Adeus Patrick!
            Indelicadamente, fiz-lhe sinal que se retirasse e, quando foi embora, irrompi numa crise de choro… não era propriamente a situação que eu estava à espera.
            Quando finalmente arrancámos, entre lágrimas e abraços, tentei não parecer ansiosa, mas o facto é que a minha concentração tinha-se esvaído por completo; estava a tentar assimilar tudo. Thomas interrompeu o meu momento, dizendo:
            -Vamos resolver um assunto muito importante… para isso, preciso de uma Samantha corajosa e de cabeça fria…preciso que faças isto, por ti…

segunda-feira, 30 de maio de 2011

continuação do 3º capítulo

            Ele sorriu ligeiramente e eu fiquei a pensar se ele tinha apanhado qualquer coisa ou se tinha associado algum facto ao meu pensamento.
- Entra. Estamos aqui à porta e a Sra. Smith está a cuscar-nos. É uma daquelas velhotas prestáveis, simpáticas, mas extremamente curiosas, por isso, mais vale não dar motivos a mexericos.
Ele entrou e fotografou mentalmente todos os detalhes do hall de entrada. Era sem dúvida bom observador. Queria perguntar-lhe algumas coisas, mas decidi deixar isso para o caminho e fui chamar a minha mãe.
Quando entrei no seu escritório, ela sorriu-me e disse-me:
- Queres conversar filhota?
Achei aquela pergunta estranha vinda da minha mãe, pois ela nunca tinha feito esta pergunta muitas vezes.
- Mais tarde, talvez, mãe. A pessoa que me vem buscar para ir para a Universidade já chegou e tem que falar com vocês. São protocolos. Fica a saber que o seu nome é Thomas e está na sala à espera. Vou telefonar ao pai, pois houve uma alteração nas horas e ele chegou mais cedo.
-Muito bem, já lá vou ter.
Levantou-se, ajeitou o vestido super giro que envergava e perguntou:
-Estou bem?
-Estás sempre óptima mãe! - Dei-lhe um abraço e subi para o meu quarto, para ir telefonar ao meu pai.
Atendeu passados uns escassos segundos e expliquei-lhe brevemente que tinha chegado a pessoa que me levaria à Universidade por questões de alteração nos horários. Ele disse-me que já estava a caminho e desligou.
Quando desci até à sala, caiu tudo, mas quando digo tudo é mesmo tudo, aos pés! A minha mãe gargalhava com Thomas! Estavam a dar-se extremamente bem!
- Mas Sigmund Freud tinha um grande carácter. – disse Thomas. - Os seus estudos e análises foram todos eles brilhantes, principalmente a nível da sexualidade no ser humano e da interpretação dos sonhos.
- Tens razão. Por isso ele ficou tão conhecido. Ficou principalmente célebre pela psicanálise. - disse a minha mãe.
- Sim, mas Jean Piaget também fez um grande estudo com as crianças! Lembro-me agora daquela famosa conversa: “ O que faz o vento?” “ As árvores…” “ Como sabes?” “ Vi-as abanar os braços”…, foi entre Piaget e Júlia, correcto? Piaget também foi bastante bom em termos psíquicos.
Estava estupefacta. A falarem de Psicologia? Eles eram o máximo!
            Tossiquei para que eles dessem por mim e a minha mãe disse:
            - Sam, aqui o nosso amigo Thomas é um rapaz adorável. Extremamente dado à coisa da Psicologia. Talvez ele te consiga convencer a gostar um pouquinho mais daquilo que é a história da minha profissão.
            -Ora essa, Sra. Windsor. Deixa-me lisonjeado com tantos elogios! A verdade é que me interesso por diversos tema e áreas. Não gostas da Psicologia Samantha? É interessante, a meu ver.
            Sentei-me no mesmo sofá que a minha mãe e respondi-lhe:
            - Não é o não gostar. É só que o meu interesse e atenção vai mais para outras áreas.
            Ouviram-se as chaves na fechadura e a porta abriu-se, deixando irromper a figura magnífica do meu pai. Fui ter com ele à entrada, dizendo-lhe que a pessoa se chamava Thomas e que a mãe já gostava dele.
            - Vais ver que ela ainda se vai armar em casamenteira! – respondeu ele. Acabámos por rir os dois; ambos sabíamos como era a minha mãe.
            Quando entrámos na sala, o olhar de Thomas cruzou-se com o do meu pai e, porquê não sei, mas não ouve grande química da parte de Thomas. Acho que emanou no ar uma bela dose de hormonas masculinas, mas que só eu consegui perceber. Era uma coisa que já tinha anotado mentalmente para falar com Thomas pelo caminho.
- Sr. Windsor, o meu nome é Thomas Blackrose. Os directores, Dr. Shamus Christensen e Dra. Winnifred Boyden, pediram-me que viesse buscar a Samantha e mandam cumprimentos. Pedem desculpa por não estarem presentes, mas como devem compreender esta altura em que se faz a recolha e escolta dos alunos é complicada, principalmente quando se fazem novas matrículas.
-Trata-me por Jack. Sim, compreendemos. Mas confesso que tenho certas dúvidas em relação à escola. Visitei o vosso site e estava indisponível, pelo que não consegui satisfazer a minha curiosidade.
- Eu tenho uma antiga password que dá acesso ao portal da Universidade. Posso dar-vos essa password; eu já não a uso.
- Que prestável! – virando-se para mim, a minha mãe disse: Sam, não queres levar nada para o caminho? Vamos até à cozinha preparar uns petiscos para vocês.
Enquanto nos dirigimos até à cozinha, reparei que a minha mãe me olhava de esguelha e com um sorriso um pouquinho travesso.
- Olha mãe, esse esgar denunciou-te! Não te ponhas com a mania que és casamenteira que isso comigo não resulta!
- Sam, admite: ele é um bom pedaço. É lindo, todo jeitoso e, acima de tudo, é um rapaz extremamente bem-educado. Prestável, simpático e responsável. E vocês parecem-me tão…tão…semelhantes. Personalidade principalmente.
- Mãe, não te aproveites dos teus dotes profissionais para me revolveres os cantos do cérebro. Sim?
E sorri-lhe tão abertamente que pareceu que o sol resplandecia na cozinha.
            Quando a vi tirar frango do frigorífico fiquei pasmada:
            - Oh mãe, não vais fritar frango pois não? – que vergonha!
            - Claro que vou! E vão uns rissóis também… precisas alimentar-te; e o Thomas também. - calou-se um pouco, como que a meditar, e disse: - Sam, vou ter tantas saudades tuas! Promete que me ligas quando chegares junto do… como é? ah, Shamus, eu quero falar com ele. Vais mandando uns e-mails de vez em quando e telefonas também. Tomei a liberdade de dar o número de telefone cá de casa e o meu do telemóvel ao Thomas: ele é mais velho, e já lhe pedi para te orientar agora nos primeiros tempos.
Aquilo deu cabo de mim: nem sequer comentaram ou questionaram o facto de ir estudar Investigação? A minha mãe não me disse nada e o meu pai também não. Quando voltámos para a cozinha, o meu pai ainda estava a questionar Thomas acerca da escola; quando o meu pai me perguntou se eu já estava pronta e eu acenei afirmativamente, apertou a mão a Thomas e dirigiu-se a mim:
            -Agora que vais sair de casa, há cuidados que tens que ter. O Thomas parece-me bastante cuidadoso e responsável contigo; já tem todos os nossos contactos e ligar-nos-á, pois tu não podes por seres iniciada…ah não, não é iniciada, é caloira, certo? Como só podes estar disponível aos fins-de-semana, ele fala connosco por ti.
            -Pai, não sou nenhuma incapaz! Sei escrever num computador e telefonar através de um telefone fixo ou telemóvel, ok? – e sorri para ele.
            -Sabes que os teus pais só estão preocupados, mais nada. – disse Thomas. – é normal eles preocuparem-se. É longe e a diferença horária custa a suportar: são 3 horas de diferença. Uma vez que estás pronta e me parece que os teus pais não têm mais dúvidas, sugeria que começássemos a arrumar as tuas malas na carrinha; até Miami, ainda são umas horinhas de viagem.
            -Vais até Miami a conduzir sozinho? - perguntou a minha mãe num desassossego.
            -Não, o outro motorista encontrar-se-á comigo em Tijuana e depois vamos rendendo de vez em quando. Ligaremos quando chegarmos, não se preocupem.
            Enquanto eles colocavam as minhas malas na carrinha, a minha mãe estava bastante emocionada e choramingando constantemente.
            - A minha menina está a ficar crescida! Ainda ontem estavas no ensino primário e hoje estás a ir para a Universidade! Promete que não te esqueces de nós… vá, podes esquecer-te um bocadinho, para poderes pensar ali no rapaz musculado e jeitoso. Olha lá, não achas que ele vai ao ginásio?
            Ao ver a minha cara séria disse, embora que sem se importar:
            - E aqueles olhos? Tem uns olhos! Ninguém humano tem umas viseiras daquela cor. Que faróis! Cá para mim, ele é um príncipe, com sangue azul, palácio e aquilo tudo. Vais ser princesa..ah ah ah…a minha menina, uma princesa…
            Com a minha mãe era sempre a mesma coisa: ambas fazíamos o mesmo quando estávamos a sofrer: fingíamos não estar mal nem incomodadas, mas por dentro estávamos a amargar.
            Dei-lhe um abraço sentido, em forma de despedida: para mim, despedir era dizer até logo. Tirou do bolso uma coisa e deu-ma, dizendo:
            - Samantha Torres Windsor, o que tens entre mãos é algo que está na nossa família há muitas gerações. Por favor, abre só quando chegares à Universidade. É da parte do teu pai, ou seja, tem raízes portuguesas; as gerações já nem se contam, embora tenha sido restaurado para que nada se perdesse. É um medalhão que agora estava na posse do teu pai e passa para ti, pois o teu pai é o filho mais velho, além de único filho. Quando tu tiveres os teus filhos, ele será entregue ao filho mais velho do sexo masculino. Está cheio de significado, que irás descobrindo com a tua estada na Universidade e ao longo da tua vida. Promete-me que não deixarás que ninguém to tire; é muito importante que o mantenhas sempre contigo.
            Quando viu a minha cara confusa, a minha mãe sorriu: - é assim que vou recordar-te sempre!
            - Oh mãe, o sofrimento afecta-te o cérebro: eu vou sempre ser assim. – e dei-lhe um abraço.
            O meu pai chegou ao pé de nós e disse:
            - Já está tudo na carrinha; já confirmaste se tens o que precisas?
            - Sim pai, está tudo. – Virei-me para Thomas e disse: -vamos?
            As despedidas nunca foram o meu forte, por isso, embora me custasse, queria despachar isto o mais depressa possível.
            Recordei, sabe-se lá se pela última vez, Patrick, Jane, John e Anna. Recordei nós cinco, pelos tempos fora, sempre juntos; recordei as nossas brincadeiras de miúdos e as nossas aventuras, todas elas criadas na simplicidade dos nossos sorrisos. Quando comecei a minha jornada pelas aventuras com cada um deles, lembrei-me de Hayden.
            Deixei os meus pais para trás de uma forma difícil. Embora eu fosse muito parecida com o meu pai, dava-me tão bem com a minha mãe!
            Quando dei o último abraço aos meus pais, tive o vislumbre do carro de Patrick no fundo da rua: “era só isto que me faltava! O e-mail que mandei para os quatro era suficientemente esclarecedor! Não era preciso vir ao meu encontro para o confirmar!”

domingo, 8 de maio de 2011

3º Capítulo - "A falarem de Psicologia?Eles eram o maximo!"

O fatídico dia chegou. Durante a manhã estive relativamente calma, mas o bichinho no estômago começou a despertar depois de almoço. Arrumei a cozinha sozinha e pensei que seria a última vez, até Dezembro que o faria; uma coisa para mim bastante banal e, sinceramente, que eu acho que até ia sentir falta: “Ora essa”- pensei. – “Sempre andei às turras com a minha mãe porque ela me deixava sozinha a fazer as principais tarefas domésticas”. Brinquei com a espuma da loiça, fiz piruetas com o detergente e acabei por andar atarefada a limpar aquele lago de água e espuma que acabei por fazer na cozinha.
Eram já 15h00 quando comecei a ficar nervosa a sério. É verdade que me descontraí bastante com aquelas brincadeiras inocentes na cozinha, mas agora que já estava tudo limpinho e a brilhar de modo a ofuscar os olhos de toda a gente, confesso que até já me estava a sentir mal com a ansiedade. Como acabaria este dia?
Estava impaciente, basicamente por três razões: 1ª: já tinha as malas feitas e o quarto arrumado, o que me levava ao brilhante resultado de não ter nada para fazer (e só me vinham buscar às 17h00); 2ª razão, e de peso: nunca mais falara com Hayden e aquele possível encontro para ver se nos entendíamos estava a vê-lo por um canudo, e bem fininho; 3ª: já não falava com Thomas desde o dia em que recusei o seu convite para irmos juntos ao concerto. Teria ele ficado de alguma maneira triste ou ofendido por ter recusado? Acho que até estava a gostar dele e, para ser franca, o coração parecia um avião a descolar cada vez que o via. A minha auto-estima estava a níveis baixos pois sentia-me incapaz de resolver os meus próprios problemas.
O meu cérebro estava constantemente a fustigar isto e acabei por adormecer, pois como tive alguns momentos de ansiedade, passei as duas últimas noites quase em branco.


æææ
Decorrida meia hora, acordei. Foi um sono sem sonhos, bastante curto. Estavam a bater à porta firme e ritmicamente. O meu pai não era, pois ainda faltavam uns largos minutos para ele chegar e tinha as chaves de casa; a minha mãe estava em casa, fechada no seu escritório, a ouvir aquelas músicas que para mim são bastante deprimentes e que para ela são a melhor coisa que já se viu para atingir o “Nirvana”. Distraída como ela era, aposto que nem sequer ouvia o zumbido de um insecto da altura dela, por isso, desci em direcção à porta. O meu coração descolou do sítio, mas francamente não entendi muito bem porquê.
Ahhh pois, entendi quando abri a porta e vi aquele sorriso lindo de morrer de Thomas mesmo à minha frente. Não pensando em mais nada, atirei-me para os seus braços e, se ele não fosse forte e habilidoso o bastante, teríamos caído os dois no jardim. Ele agarrou-me e acabei por ficar ao seu colo, olhando para ele como uma parvinha. Definitivamente eu não era normal. Quando me falou, o meu cérebro deu três voltas com o som da sua voz:
- Olá Sam! Tudo bem contigo?
- Hum hum…estou optimamente bem. – Optimamente bem só agora, pensei eu.
- Deu para ver que sim…com o gritinho que mandaste.
E riu-se a bandeiras despregadas.
Gritinho? Eu deixei escapar um gritinho?! Tipo aquelas adolescentes histéricas que dão gritinhos por tudo e por nada?! “Samantha, enterra-te já!” – pensei.
- Por acaso não queres sair do meu colo não? Não é que eu não goste de te ter nos meus braços e que fique claro que estou extremamente confortável…mas suponho que os teus vizinhos devem estar a reparar em nós e os teus pais ainda aparecem e depois, o caso complica-se.
Opá, ele era realmente bem formado intelectualmente; cuidadoso e responsável. Não era qualquer um que se ia preocupar comigo e com o que as pessoas iam pensar.
Saí do colo dele e, realmente, a vizinha do lado estava ao pé das suas vedações cheias de árvores feias e mal aparadas a cuscar-nos. Como é que ele, estando de costas, deduziu que estávamos a ser observados? Ele tinha qualquer pontinha de mistério. E que eu não me chamasse Samantha se não fosse descobrir esse mistério todo.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Final do 2º capítulo

“ Então rapariga dos atropelamentos, meteste mais alguém na valeta? =) O meu braço ficou bom, já pensaste seguir enfermagem? A sério, tens jeito para a coisa, tratar feridas e tal.
Mudando de assunto, que tal uma ida ao cinema um dia destes? Ou talvez a um concerto. Vão estar, no dia 30 à noite, na praia de Sta. Mónica os Paramore e pensei que talvez gostasses de ir; provavelmente não tinha o direito, mas quando me tratavas da ferida, reparei que tinhas um cd deles a tocar. Acho que um quase atropelamento não deu bem para me expressar de modo a que me possas conhecer, mas talvez até ao final do ano nos conheçamos melhor.
Acho que até nos podemos dar bem. Pelo menos és diferente: deste-me a primeira vez em matéria de atropelamentos; é que nunca fui quase-atropelado.
Bem, acho que já chega de escrever e roubar-te tempo. Ainda assim gostava que me respondesses.
Um beijo
Thomas”

Já estava a gostar dele, pelo menos parecia sincero. Enquanto relia o que ele escreveu para responder a todos os pontos que ele focou, ia tamborilando os dedos na secretária, formando um barulho rítmico. Isso lembrou-me as aulas de canto que tive quando era pequena, em que tínhamos que seguir o ritmo certo para não nos enganarmos. Sempre adorei cantar. Mas pensando bem, nunca mais voltei a cantar desde que a minha melhor amiga de infância, que também tinha aulas de canto comigo, ficou paralisada numa cadeira de rodas quando estávamos num espectáculo e um holofote lhe caiu em cima, por isso… Mesmo depois de ela se mudar para Miami, para outra escola, nunca a esqueci, embora tivesse perdido contacto com ela: Sarah McCullen. Ela tinha uma personalidade bastante complicada, mas apesar das nossas diferenças, sempre nos achámos semelhantes. Mas bem, recebi outro e-mail e esses pensamentos e recordações foram-se desvanecendo à medida que lia o outro e-mail: Thomas novamente.
“ Esqueci-me de te dizer outra coisa: não penses que sou um daqueles rapazes que se atiram a todas. Reparei que ficaste muito ruborizada quando te dei um beijo de despedida, mas se quiseres, não volto a fazê-lo, pois pareceste bastante incomodada com esse meu gesto.
Thomas”
 O tipo era decente. Acho que até merecia a hipótese de nos cumprimentarmos com um beijo. Acabei o e-mail e enviei-lho:
“ Olá rapaz quase-atropelado, que tal vai isso? Continuo a achar que devias ir ao médico, pois o arranhão tinha mesmo má cara e era um pouco para o grandinho. E olha que as cicatrizes ficam feias.
Pois, em relação à possível saída, por mim não haveria qualquer problema e adoro mesmo os Paramore; mas nesse dia não posso ir, porque já tenho algo combinado e não dá mesmo para desmarcar. Mais oportunidades vão surgir, provavelmente.
Em relação a essa coisa dos cumprimentos, sim fiquei incomodada, mas não pelo gesto em si. É que tinha estado a resolver um problemazinho um tanto ou quanto sério para o meu lado. Podes continuar a fazê-lo, não me faz diferença nenhuma. Não me roubas tempo, está sossegado.
=)
Samantha, a quase atropeladora”

Não esperei que ele me respondesse logo de imediato, e nem que o fizesse não lhe ia responder logo. Gostava de ter fragmentos de conversa com ele, mas isso não se poderia tornar uma constante, como é óbvio. A minha mãe estava a chegar a casa: já conseguia ouvir o portão da garagem. Isso significava que eram quase 8.30h. Era tempo de descer e ir aquecer o comer que havia feito para eles. Dizer que já tinha jantado era mentira, mas a minha mãe não reparava nisso e se eu trincasse agora uma maçã, ela acreditava mesmo que eu já tinha jantado. Fui mordiscando a maçã, pois não tinha apetite nenhum; o dia fora bastante cansativo a nível psíquico.
Ainda me custava digerir a conversa com Hayden, mas achei ter sido sensata ao falar com ele. E se eu lhe ligasse?! Podia não atender, mas deixava mensagem. Mas talvez fosse melhor não, era melhor não forçar mais por hoje. E talvez amanhã também não, mas o que é facto é que estar desde o dia 30 de Agosto até ao 5 de Dezembro sem o ver não me agradava nada mesmo.
Mas espera lá: ele supostamente ia ligar-me porque eu supostamente enviei um bilhete. Mas isso ainda não tinha acontecido. E mais: Thomas estava a convidar-me, mas eu ia para a Universidade no preciso dia 30! Alguma coisa não estava a bater certo. Mas de qualquer das formas, isso fora o que o conjunto de flashes que eu tive me dissera; este segundo conjunto era bem mais elaborado que o primeiro, mas não tive tempo de entender mais, pois a minha mãe, juntamente com o portão da garagem, fizeram o desagradável favor de me interromper a pouca lógica que conseguia encadear.
Lembrei-me do conjunto de flashes que tinha tido quando me encontrei com H. Essa fora sem dúvida uma das maiores emoções da minha vida, juntando à discussão com ele e ao misterioso aparecimento de Thomas.
æææ
Acho que adormeci. A cada vez que lia um clássico, ocorria-me sempre algo. Mas acho que sonhei: e um sonho bastante agitado, na verdade. Sonhei que, no mesmo espaço que eu havia estado com o meu pai, tinha encontrado Sarah McCullen, mas sem cadeira de rodas, com uma altura fenomenal, cabelo castanho claro comprido e… ai, com presas e enormes a morder-me a mim.
Despertei.
O melhor a fazer era falar com a minha mãe. Ela era psicóloga, devia poder ajudar-me, certo? Mas talvez fosse melhor abolir essa ideia, antes que ela pensasse que eu estava mesmo doida, já que ultimamente lá em casa eu não era a melhor pessoa para falar. Andava constantemente calada, sempre nas nuvens com a cabeça, só o corpo mantendo o seu regular e impaciente hábito de andar de um lado para o outro, embora que guiando-se a ele próprio.
Consultei então a Internet. Quando procurei o significado de sonhos com presas mas principalmente com vampiros, explicava brevemente que vampiro significava a descoberta de um segredo importante.

Pedido de desculpa...

Desde já pedimos desculpa aos nossos leitores, seguidores e visitantes por nos termos atrasado na publicação da história...Foi um precalço, sem dúvida mau, e vamos tentar que não volte a acontecer...
Para vos compensar, vamos publicar o início do terceiro capítulo no decorrer desta semana...
Mais uma vez pedimos desculpa...
 Sara
 Kika

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Continuação do 2º capítulo

- Tu estás bem?! Oh meu Deus, peço imensa desculpa. Não estava com atenção à estrada e depois não te vi e…
- Calma, eu estou bem, foram só uns arranhões…
Ai a voz dele! Era a coisa mais melodiosa que eu já tinha ouvido; suave como cetim, cálida como…como…qualquer coisa. Neste momento tinha que me preocupar com a sua parte física…ai opá, que era completamente perfeita. “Raios Samantha, volta à realidade”, pensei.
- Por favor, deixa-me ver isso. – Pedi.
- Não é preciso, eu estou bem. Foi só um susto e já passou.
- Olha, não sou enfermeira nem nada do género, mas o arranhão do teu braço é enorme. Tem mesmo má cara. O meu pai é bombeiro por isso obriga-me a andar com um estojo de primeiros socorros. Deixa-me tratar-te disso e depois levo-te às urgências, ok?
- Ena rapariga, não estejas preocupada. Muito bem, desinfecta isto. Mas não é preciso ir às urgências. Sou o Thomas. Thomas Blackrose. Tu és?
- Samantha. Samantha Windsor. Tens a certeza que não queres ir? – respondi eu da mala do carro, onde tinha o estojo SOS.
- A sério Samantha, obrigado.
Enquanto lhe desinfectava aquilo, ia pensando se seria melhor falar sobre a passagem dele perto da minha casa ou não, mas cheguei à conclusão que era melhor não.
- Bem, nesse caso… vemo-nos por aí, creio eu. – Foi a única coisa que consegui ordenar na minha cabeça. Quando lhe deixei o braço ele disse:
- Sim Samantha, sou eu o rapaz que viste na tua janela há uns dias. Já sabes o meu nome agora. Sabes, podias ter perguntado, eu responder-te-ia de boa vontade.
- Como sabes que eu estava a pensar nisso?! – Caramba, ele lia pensamentos ou quê?
- Não era muito difícil adivinhar, sabes?! Estavas demasiado preocupada com o… com alguma coisa e estavas completamente a leste das perguntas que te fiz enquanto me tratavas do braço. Também parei quando te vi na janela. Estava a sentir-me observado. Também a ti te deu um click na cabeça certo?! Eu reparei. Fizeste uma expressão facial bem bonita, até te digo. Desculpa dizer-te, mas ainda me ri à custa dessa expressão facial, sabes?! Há bastante tempo que não via alguém como tu…
Ele desenvolvia os seus pensamentos bem ordenados, mas tive que o interromper:
- Espera aí, perguntaste o quê enquanto te tratava do braço? E como sabes do click na minha cabeça? Não vias alguém como eu há algum tempo? Como é que eu sou? Desculpa lá, mas acho que não te estou a acompanhar. O teu raciocínio está a dar cabo de mim.
Corei. E bastante. O rubor nas minhas faces era notável e ele pôs-me a sua palma da mão fria na minha bochecha. Quando disto, disse:
- Verás que és especial. Como tu mesma disseste, vemo-nos por aí.
- Espera lá – a isto é que se pode chamar o cúmulo das coisas bizarras; e para essas coisas eu tenho jeito – especial? Vou ver isso quando?!
- Daqui a umas semanas, talvez mais, talvez menos. Logo darás conta. Cuida de ti. E vê lá, não atropeles mais ninguém.
Estava completamente baralhada. Especial, eu?! Oh por favor, eu era super normal. Levantei-lhe a mão e reproduzi um adeus, que saiu um pouco alterado em relação àquilo que eu estava à espera. Não consegui dizer nada.
Entrei novamente no carro, mas quando estava para arrancar, ele plantou-se à minha frente outra vez.
- Mas tu estás a ver se te matas? Já não tenho mais compressas! – Exclamei eu em tom de brincadeira.
Ele riu-se e acrescentou:
- Espero que a validade do desinfectante acabe agora mesmo. Tenho que aprender a lição e olhar para os dois lados quando atravesso a rua. Assim, mais ninguém se assusta.
Ri com ele. Tinha a impressão que me podia dar bem com este tipo.
- Porque voltaste? Esqueceste-te de alguma coisa?
- Por acaso até esqueci. De compor o que desfiz.
Esta não entendi mesmo. Ele desfez o quê?!
- A tua frente, do lado esquerdo. Ficou amolgada e é fácil de reparar a mossa. É só um jeitinho.
E realmente pareceu fácil a forma como ele fez aquilo.
- Bem, obrigado acho eu. Vendo as coisas como as expões até tens razão: vieste compor o que estragaste. Mas vistas as coisas do meu prisma, salvaste-me uma ida ao mecânico e uns bons trocos. O meu mecânico habitual é um pouco caro. Mas talvez nem precise do carro nos próximos meses, por isso.
æææ
Estava deveras embasbacada. Até que ele quebrou o gelo:
- Bem, seria muito pedir o teu endereço de e-mail?! Para eu te poder dar alguns conselhos de trânsito. Isto é, se não te importares, claro.
Ok, o meu cérebro não estava preparado para tanto. Primeiro a chatice com Hayden, agora o aparecimento de Thomas.
- Sim, claro. Consegues decorar um endereço?
Quando me acenou afirmativamente, repeti vezes sem conta o meu endereço de e-mail, até que ele o decorou.
Despedimo-nos com um aperto de mão incentivado por mim, mas quando lhe apertei a mão, ele puxou-me para junto dele e deu-me um beijo na face.
- É assim que os amigos se cumprimentam, quer quando se vêem, quer quando se despedem. Falamos depois.
Ruborizei novamente. Aquele beijo na cara foi extenuante. Acho que se podia comparar o meu coração com o TGV, pois neste momento ambos estavam a bater uma grande velocidade.
Vocalizei um “ sim, depois a gente fala-se” e meti-me dentro do carro. Fui até casa a pensar naquilo que aconteceu, mas desta vez com um pouco mais de atenção à estrada. Quando cheguei a casa, ainda ninguém lá estava. Óptimo, ninguém me ia fazer perguntas.
Fui directa ao meu quarto, a fim de aceder à minha caixa de correio electrónico. Dois novos e-mails. Espreitei o mais antigo deles, que era de Jane, onde perguntava em breves palavras se Patrick tinha manifestado alguma vontade de ter algo mais sério comigo, pois ela estava perdida de amores por ele. Teclei rápida e brevemente dizendo que não, que faziam um belo parzinho e que se precisasse de ajuda que podia contar comigo. Embora detestasse servir de cupido, ajudar os amigos nunca cansou ninguém, certo?! O e-mail mais recente era de Thomas. O coração palpitava aceleradamente quando o li.

segunda-feira, 21 de março de 2011

2º capítulo:“Hayden deixou de me agarrar. Deixou cair os braços em forma de derrota…”

Como lhe chamar?! Talvez visão? Não, provavelmente pesadelo ou tortura seria mais adequado. Perdi completamente a noção do quando, onde e porquê. Só me lembro daquilo que me encheu a mente: uma “maca” num quarto desconhecido, o meu pai ao meu lado a acalmar-me e… oh meu Deus, com uns dentes afiados e enormes que pareciam presas. E eu, com uma afinidade e ternura enorme olhava-o enaltecida, pois ele tinha algo na cabeça que, porquê não sei, me induziu em poder. Já não tinha o bigode adorável e farfalhudo que eu tanto gostava… e de repente houve um corte… todas aquelas imagens me pareceram um conjunto de flashes.
Quando tentei voltar àquele conjunto de flashes, apercebi-me que o Civic que eu guiava me tinha dirigido para fora da Estrada Nacional, entrado no desvio para a praia e estacionado no parque de estacionamento mesmo ao nível da areia. Devido a isso, não vi o que me acontecia na visão/pesadelo/tortura pelo qual tinha passado.
Enquanto caminhava em direcção a Hayden, apenas me lembrei do turbilhão de cores que se assolou no meu cérebro. Era tempo de os pôr de lado e voltar à realidade de vida que teria de ser mais bem justificada do que aquilo para o qual eu tinha argumentos.
H, o meu melhor amigo H…
æææ
Hayden estava tão perdido nos seus pensamentos que se assustou quando falei:
- Oi H, chegaste cedo.
- Que susto Sam! Pois, sou pontual… Sabes como é. Então, o que me querias dizer?!!
Ok, estava mesmo desconfortável com esta situação. Como é que lhe ia explicar isto?
- Bem H, sei que vais ficar zangado, ou ofendido, ou chateado, ou frustrado, mas…
- Mas?
Não conseguia falar mais. Tinha um nó na garganta. As cordas vocais latejavam de fraqueza. Tinha as lágrimas quase a cair. Agarrou-me nos ombros e disse:
- Sam! Fala comigo. O que se passa?!
- H, eu… eu… eu não posso vir trabalhar contigo.
Vi-lhe passar sentimentos mais diversos que as cores e tonalidades do arco-íris: tristeza, desespero, curiosidade, mágoa, tristeza outra vez…
- O quê?!!!
Foi desta. Rompi em lágrimas. Solucei tanto devido ao choro que me doeu o abdómen.
- Hayden, desculpa… Mas não posso. – Consegui eu dizer.
- Sam, porquê?
- H, não posso. Não sei bem porquê. Mas não posso. Vou embora.
Ele ficou de rastos. Triste. Magoado.
- Vais para onde?! – Vi-lhe uma centelha de desespero. Ele estava ali, à minha frente, a tentar saber o que eu não podia dizer há um tempão.
- H, eu queria contar-te. Mas não posso. A sério que não posso.
Hayden deixou de me agarrar. Deixou cair os braços em forma de derrota e virou-se para observar o horizonte. Desta vez, fui eu quem lhe agarrou nas mãos.
- H, olha para mim. Sei que não é fácil para ti – comecei – mas para mim também não. É muito complicado.
Não me encarou. Fez-me pensar como eu era horrível para ele.
-H, tenta compreender… Por favor.
Virou-se para mim com os olhos a transbordar de lágrimas e mágoa.
- Compreender o quê, Sam? Aquilo que não me queres dizer? Compreender aquilo que não entendi?
- Hayden, imagina que, além de ser proibido falar nisso, era um mistério para ti. Nem sequer sabes para onde vais, com quem ou porquê… vou estudar… Mas não sei bem o quê, nem porquê.
Ele estava a sofrer. Claramente. Baixou-se para tocar na areia.
-Porque é que me estás a fazer isto Sam? Diz-me. Já pensaste naquilo que querias e no que queres agora? O que é que te fez mudar a tua opinião?
- H, eu recebi umas cartas e uns e-mails… oh meu Deus Hayden, não posso dizer mais nada. Quem me dera poder dizer.
-Já disseste tudo o que me podia magoar? Ou ainda falta mais alguma coisa?
-Oh Hayden, tu és o meu melhor amigo e…
- Não, não sou Samantha. Parece que já não o sou. Temos segredos um para o outro e eu não sabia. Ou então não sou o confidente certo para ti, Sam. Adeus.
E virou-se para o parque de estacionamento.
- Hayden, espera!
Mas não esperou. Fui atrás dele, mas quando finalmente o apanhei, já estava dentro do seu carro. Bati ao vidro, mas ele não abriu. Abri-lhe a porta, até que ele me olhou.
-O que foi Sam? Achas que ainda não me magoaste o suficiente?
- Hayden, não vou forçar mais. Não queres falar comigo. Compreendo. Mas eu tenho os teus contactos; sei onde moras; quem são os teus amigos. Eu não te vou perder Hayden. Não agora.
Fechei-lhe a porta e ele foi embora.
Voltei ao meu discreto Civic e estava aberto. Eu tinha a certeza que o tinha fechado. Não restava mais ninguém ali. Apenas eu. Talvez me tivesse esquecido.
No banco do pendura, estava uma carta. Agarrei-a e abri-a:
“ Menina Windsor:
O sofrimento que o seu amigo Hayden Dickson está a passar será atenuado. Mandámos um bilhete em seu nome a explicar que a menina Windsor iria para uma Universidade estudar Investigação. Desta forma, e uma vez que a vossa amizade é realmente forte, deixaremos que mantenha contacto com ele, embora que esse contacto tenha que ser muito restrito. Ele ligar-lhe-á a pedir para se encontrarem novamente, e aí já não estará sozinha.
Os Directores
Dr. Shamus Christensen
Drª. Winnifred Boyden

Mas seria possível que, a cada vez que me questionava, esta “Universidade” estava sempre por perto?
Quis gritar. Gritar até não poder mais. Gritar até as minhas cordas vocais dilatarem e a garganta sangrar. Mas não o fiz. Com que então não ia estar sozinha?! Quem é que ia aparecer e salvar-me algo que eu não consegui: a minha amizade com Hayden?
Liguei a ignição e quis sair dali o mais depressa possível. Confesso que não estava a prestar a devida atenção à minha condução; mas de qualquer forma sempre conduzi dentro dos limites, por isso, não me ia espetar contra a árvore mais próxima. Quando estava quase a sair do desvio que me tinha conduzido à praia, senti um embate. Parei tão repentina e bruscamente! Oh meu Deus, entrei em pânico; atropelei uma pessoa! Saí de imediato, e fui à frente do carro. Estava um pouco para o amolgada do lado esquerdo. E o rapaz estava a levantar-se… oh Deus, era ele. Era o rapaz sem nome que eu havia visto há uns dias atrás da minha janela. Acho que emocionalmente estava pior eu que ele.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Visitem e não se arrependem...blog de uns amigos

É o blog do Patrick, Pascoal, Pe e Tiago.
São da turma da Kika e são uns expert na matéria.
:)
não se arrependem

http://ppltp.blogspot.com/

Boas Leituras
:)

quinta-feira, 10 de março de 2011

Final do 1º capítulo

Abri a caixa de correio electrónico e, no momento em que acedia ao ícone da minha conta, recebi uma chamada do meu pai. Esta chamada era um gasto de tempo, mas ok, era o meu pai, tinha que atender:
            - Sam, querida!?
            - Sim pai, sou eu! – óbvio que era eu, aquele era o meu telemóvel, certo?! – Aconteceu alguma coisa? – perguntei.
            - Não filhota. Era só para te lembrar que a tua mãe não vai jantar por causa da natação. E eu também não: o posto de socorro pediu a minha comparência, bem como a de dois homens que eu quisesse recrutar, para uma reunião. Tens que jantar sozinha. Não te chateias, pois não?
            - Não, pai, vai lá! Eu também vou sair e não sei se chego a horas de jantar!
            - Hum… e vais aonde? – quis saber o meu pai.
            - Vou ao cinema com o pessoal da minha ex-turma! – tive que lhe mentir; mas na verdade, eles não seriam mais da minha turma; eu ia para aquela escola!
            - Ok, eu só liguei para te dizer que ias ficar sozinha, mas se vais ao cinema...
            - Vá, pai, tenho que desligar… Bom trabalho!
            - Portem-se bem… Se precisares de dinheiro, passa por aqui, que eu deixo-te uns trocos no meu gabinete.
            - Sim, pai, obrigado.
Eu não era de mentir, mas após terminar a chamada do meu pai, liguei ao Patrick. Atendeu rapidamente. Bolas, os miúdos de hoje em dia têm sempre o telemóvel com eles.
            - Ei Sam, precisas de alguma coisa?
            - Pois, por acaso até preciso… Preciso de uma ajudinha…
            - Diz… Ajudo naquilo que for necessário.
            - Hum… pois… sei que não é estético nem bonito da minha parte, mas tenho que sair e devo chegar tarde. E a primeira coisinha que me ocorreu foi dizer que ia sair com vocês… tu sabes, o nosso pessoal e tal…
            - Sim e… tu queres que eu minta contigo no caso dos Senhores Pais Enganados Pela Filha Perfeita me ligarem, certo?
            - Bingo! Por acaso era isso mesmo… importas-te de me fazer esse favor?
            - Não, nadinha mesmo.
            - Muito obrigado, Patrick! – alvitrei eu – Devo-te uma! Mas agora tenho que desligar. Um beijo… E obrigado.
Após o meu colega de escola desde o 1º ano (e que eu, bem como várias outras pessoas achavam, tinha um fraquinho por mim) me ter safado desta, peguei num papel e numa caneta e escrevi um bilhete aos meus pais:
“Fui sair com o meu pessoal: Patrick, Anna, Jane e John. No caso de chegarem mais cedo que eu, deixei comida feita na primeira prateleira do frigorífico.
Um beijo
S.”
            A minha sorte é que a hora de jantar habitual era às 6.00h. Deixei o recado no hall de entrada, ao lado dos papéis que se utilizavam para escrever lembretes e deixar recados (como este) e dirigi-me ao meu quarto. Instalei-me na secretária já antiquada, mas bem conservada e cliquei no e-mail que tinha recebido da “ Universidade de Ajuda à Investigação”. Quando o tentei imprimir, fiquei boquiaberta: o e-mail tinha sido eliminado, após a minha tentativa. “Um mau começo” – pensei. – “Mas ainda tenho as cartas, por isso, vou já fotocopiá-las. Pelo menos não se podem apagar.” Boa, estava enganada… nem sequer lhes pus a vista em cima. Tentei novamente o meu correio electrónico: posha, uma mensagem de um tal endereço de sc_uai@hotmail.com. Universidade de Ajuda à Investigação?! Oh bem, o que é que seria desta vez?!!
            “Cara menina Windsor:
            Soube da sua tentativa de informação a Hayden Dickson, o seu melhor amigo, sobre a sua entrada nesta Universidade, pelo que tive que agir com uma vincada rapidez, apagando automaticamente o e-mail enviado. Em relação às cartas, esqueça qualquer tipo de plano para as rever, pois ambas tinham um dispositivo de devolução caso houvesse a ocorrência de algum problema, pelo que este foi accionado.
            Aviso também que o motorista vai buscá-la um dia mais cedo que o previsto, pois houve uma mudança de planos.
            Anseio conhecê-la. Saiba também que poucas ou nenhumas são as pessoas que se atrevem a passar pelas nossas ordens.
Cumprimentos
Shamus Christensen
P.S. Terei muito gosto em estar próximo de si nos próximos meses. As suas capacidades parecem ser inigualáveis.”

Estranho. Se bem me lembrava este tal “ Shamus Christensen” assinava-se sempre por Dr. antes do nome. Lembrei-me de procurar as cartas, mas rapidamente recordei o facto de que já não as tinha.
Olhei para o meu relógio: 6.43h. Era melhor despachar-me a ir ter com Hayden.
Enquanto me dirigia ao ponto de encontro pensava como seria a conversa. Quando imaginei as diversas expressões faciais que Hayden fazia, pareceu-me entrar num sonho.
E acabei por não ir à loja de desporto.