domingo, 8 de maio de 2011

3º Capítulo - "A falarem de Psicologia?Eles eram o maximo!"

O fatídico dia chegou. Durante a manhã estive relativamente calma, mas o bichinho no estômago começou a despertar depois de almoço. Arrumei a cozinha sozinha e pensei que seria a última vez, até Dezembro que o faria; uma coisa para mim bastante banal e, sinceramente, que eu acho que até ia sentir falta: “Ora essa”- pensei. – “Sempre andei às turras com a minha mãe porque ela me deixava sozinha a fazer as principais tarefas domésticas”. Brinquei com a espuma da loiça, fiz piruetas com o detergente e acabei por andar atarefada a limpar aquele lago de água e espuma que acabei por fazer na cozinha.
Eram já 15h00 quando comecei a ficar nervosa a sério. É verdade que me descontraí bastante com aquelas brincadeiras inocentes na cozinha, mas agora que já estava tudo limpinho e a brilhar de modo a ofuscar os olhos de toda a gente, confesso que até já me estava a sentir mal com a ansiedade. Como acabaria este dia?
Estava impaciente, basicamente por três razões: 1ª: já tinha as malas feitas e o quarto arrumado, o que me levava ao brilhante resultado de não ter nada para fazer (e só me vinham buscar às 17h00); 2ª razão, e de peso: nunca mais falara com Hayden e aquele possível encontro para ver se nos entendíamos estava a vê-lo por um canudo, e bem fininho; 3ª: já não falava com Thomas desde o dia em que recusei o seu convite para irmos juntos ao concerto. Teria ele ficado de alguma maneira triste ou ofendido por ter recusado? Acho que até estava a gostar dele e, para ser franca, o coração parecia um avião a descolar cada vez que o via. A minha auto-estima estava a níveis baixos pois sentia-me incapaz de resolver os meus próprios problemas.
O meu cérebro estava constantemente a fustigar isto e acabei por adormecer, pois como tive alguns momentos de ansiedade, passei as duas últimas noites quase em branco.


æææ
Decorrida meia hora, acordei. Foi um sono sem sonhos, bastante curto. Estavam a bater à porta firme e ritmicamente. O meu pai não era, pois ainda faltavam uns largos minutos para ele chegar e tinha as chaves de casa; a minha mãe estava em casa, fechada no seu escritório, a ouvir aquelas músicas que para mim são bastante deprimentes e que para ela são a melhor coisa que já se viu para atingir o “Nirvana”. Distraída como ela era, aposto que nem sequer ouvia o zumbido de um insecto da altura dela, por isso, desci em direcção à porta. O meu coração descolou do sítio, mas francamente não entendi muito bem porquê.
Ahhh pois, entendi quando abri a porta e vi aquele sorriso lindo de morrer de Thomas mesmo à minha frente. Não pensando em mais nada, atirei-me para os seus braços e, se ele não fosse forte e habilidoso o bastante, teríamos caído os dois no jardim. Ele agarrou-me e acabei por ficar ao seu colo, olhando para ele como uma parvinha. Definitivamente eu não era normal. Quando me falou, o meu cérebro deu três voltas com o som da sua voz:
- Olá Sam! Tudo bem contigo?
- Hum hum…estou optimamente bem. – Optimamente bem só agora, pensei eu.
- Deu para ver que sim…com o gritinho que mandaste.
E riu-se a bandeiras despregadas.
Gritinho? Eu deixei escapar um gritinho?! Tipo aquelas adolescentes histéricas que dão gritinhos por tudo e por nada?! “Samantha, enterra-te já!” – pensei.
- Por acaso não queres sair do meu colo não? Não é que eu não goste de te ter nos meus braços e que fique claro que estou extremamente confortável…mas suponho que os teus vizinhos devem estar a reparar em nós e os teus pais ainda aparecem e depois, o caso complica-se.
Opá, ele era realmente bem formado intelectualmente; cuidadoso e responsável. Não era qualquer um que se ia preocupar comigo e com o que as pessoas iam pensar.
Saí do colo dele e, realmente, a vizinha do lado estava ao pé das suas vedações cheias de árvores feias e mal aparadas a cuscar-nos. Como é que ele, estando de costas, deduziu que estávamos a ser observados? Ele tinha qualquer pontinha de mistério. E que eu não me chamasse Samantha se não fosse descobrir esse mistério todo.

1 comentário:

  1. Aquele "opá" não fica lá muito bem:)

    De qualquer maneira, a história está muito boa:))

    Sofia Costa Lima

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