sexta-feira, 24 de junho de 2011

final do 3º capítulo

Íamos a entrar para a carrinha quando Patrick nos barricou a passagem:
            - Patrick, o que estás a fazer?
            Antes que ele me respondesse, Thomas saiu da carrinha e os meus pais aproximaram-se:
            - Sam, há muito que tento dizer-te: eu adoro-te… adoro-te desde que entrámos para o 1º ano... adoro-te desde o dia em que fizemos par na dança da escola, quando fomos finalistas no ciclo... adoro-te desde sempre… O e-mail que me mandaste não serviu de nada…os nossos pais são muito amigos e o teu pai disse ao meu que ias para Miami, Sam, para Miami, e não nos disseste nada…não me disseste nada…como pudeste? Pensava que éramos amigos desde pequeninos…desde as nossas férias em Portugal, quando tínhamos apenas dois anos…desde que temos ambos raízes portuguesas…
            Patrick ficava diferente quando estava triste… O seu cabelo loiro impecavelmente bem tratado estava desgrenhado, conferindo-lhe um ar giro. Os seus olhos azul-mar faziam qualquer pessoa perder-se na imensidão de cor. Mas a sua expressão de tristeza estava patente em cada olhar que ele lançava, em cada palavra que soltava, em cada posição que tomava; mexia nervosamente os braços e as mãos, ficando constantemente desconfortável.
            Quando me senti em apuros, Thomas intercedeu e disse:
            - Sam, vamos… temos que ir… - e pôs-me a mão no ombro.
            Patrick ficou a olhar como se lhe tivesse caído o mundo aos pés e balbuciou:
            - É por ele que vais embora Sam? É por ele?
            Oh não, Patrick percebeu tudo ao contrário…
            - Claro que não, eu vou porque…porque…porque vou estudar algo que gosto… tal como tu gostas de Engenharia eu gosto de Investigação… não tem nada a ver com Thomas… somos apenas amigos…
            -Claro, amigos…conta-me histórias…sabes bem que é difícil acreditar nisso!!!
            Para evitar mais sofrimento, decidi pôr fim à conversa e fui extremamente frontal, chegando até a ser rude:
            - Olha, não é por causa dele. Mas e se fosse? Tu não és ninguém a quem eu tenha que dar justificações. As únicas pessoas que merecem explicações são eles – e apontei para os meus pais, que estavam estupefactos – e já as têm. Desta forma, suponho que não há mais nada a dizer. Adeus Patrick!
            Indelicadamente, fiz-lhe sinal que se retirasse e, quando foi embora, irrompi numa crise de choro… não era propriamente a situação que eu estava à espera.
            Quando finalmente arrancámos, entre lágrimas e abraços, tentei não parecer ansiosa, mas o facto é que a minha concentração tinha-se esvaído por completo; estava a tentar assimilar tudo. Thomas interrompeu o meu momento, dizendo:
            -Vamos resolver um assunto muito importante… para isso, preciso de uma Samantha corajosa e de cabeça fria…preciso que faças isto, por ti…

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