segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

1º “Quando me preparei para enfrentar os meus pais, recebi uma carta.”

Normalmente olho pela janela, uma vez que adoro a Natureza; mas aquele dia tornou-se inesquecível. Passou por lá um rapaz bem bonito, que eu nunca tinha visto na minha vida e de repente paralisei e pensei em como era possível existirem pessoas assim. Foi como “paixão pela aparência”, mas tipo à 1ª vista. Acho que ele sentiu qualquer coisa pois quando olhou para mim, pareceu-me que paralisou, embora que não se mantivesse parado por muito tempo, pois voltou-se e seguiu o seu caminho. Levou algum tempo até que aquele rosto se perdesse na minha cabeça, mas lembro-me de pensar que provavelmente nunca iria esquecer. Mal a minha mente desbloqueou daquele impacto puramente forte, saí a correr do meu quarto para poder ligar ao meu melhor amigo (sim, eu sei, mas por muito estranho que pareça, o que normalmente é uma melhor amiga, neste caso é um melhor amigo) e esperei que ele atendesse.
Quando falei, não me reconheceu, pois a minha voz latejava de fraqueza devido àquela pessoa completamente perfeita que eu havia visto. Não que fosse habitual eu falar com ele sobre rapazes, mas aquele misterioso tocou-me o cérebro.
            - Estou? Quem fala?!
            - Hayden, sou eu, a Sam!
            - Sam? Mas que raio se passa contigo? Olha o estado da tua voz...que aconteceu?
            - Nota-se muito? – Perguntei embaraçada.
            - Nã, só um pouquinho – disse ele com uma voz num tom algo irónico – é claro que se nota...O que se passa?
            - Olha H, por muito estranho que pareça, vi um rapaz lindo, tinha para aí uns 17 ou 18 anos, não mais que isso e acho que se deu uma espécie de click na minha cabeça! Acho que aconteceu aquela cena do amor à 1ª vista, mas pela aparência dele…quer dizer, a aparência foi o chamariz…
            - Ok ok, já entendi o porquê desse estado tão...tão...nem sei bem com é que estás...mas não o conheces mesmo?
- Não H, nunca o vi. Talvez ele já tenha passado por aqui várias vezes, mas hoje estava com mais atenção à rua.
- Muito me contas Samantha Windsor. Mas mudando de assunto: já decidiste quando é que vens trabalhar?
Bolas, aqui estava um assunto que me deixava completamente confusa e baralhada, mais que aquilo que eu já estava. Iria ser um problema falar com os meus pais; isso era garantido. Mas não podiam ser eles a decidir por mim; simplesmente não podiam.
- Desculpa Hayden, ainda não decidi nada. Primeiro tenho que acalmar os meus pais; bem sabes que eles não queriam nada disto para mim. Acho que queriam um futuro como doutora, ou qualquer coisa do género.
Caramba, como ia ser difícil esta conversa!
            - Demora o tempo que quiseres Sam. Para ti, as portas da minha oficina estarão sempre abertas. Agora tenho que desligar: está quase na hora do treino de artes marciais e falta-me dar um jeito na mota de um amigo.
            - Ok H, vai lá então. Tem cuidado!
            - Sempre! Um beijo.
E desligou.
Tinha que decidir o dia e o melhor momento em que falaria com o meu pai e com a minha mãe. Já no final do ano passado tinha decidido deixar de estudar e trabalhar com Hayden. Mas a oficina ainda ficava um pouco longe, o que fazia com que tivesse menos possibilidades para os ver. Eu adorava completamente as motas, desde pequena, mas os meus pais detestavam a ideia. Agora que pensava no assunto, apercebi-me de que, muito provavelmente não voltaria a ver aquele rapaz. Ainda tinha uma imagem nítida, bem clara na minha cabeça: um rapaz alto, com um físico de ficar pelo beicinho e praticamente, supunha eu, da minha idade.
Os dias foram passando e eu corria constantemente para a janela responsável pelo meu interesse e embaraço. Nunca mais o vi. Mas mais empolgante ainda era o facto de aquele “deus” não ter nome. Decidi então que era altura de falar com os meus pais acerca daquele assunto que fez com que não pregasse olho durante tantas noites: ir trabalhar.
Quando me preparei para enfrentar os meus pais, recebi uma carta. Achei estranho receber aquilo, porque em 1º lugar, raramente recebia correspondência; em 2º lugar, porque aquela carta não tinha remetente. Para satisfazer a curiosidade, abri a carta que dizia:

Universidade de Ajuda à Investigação
Dr. Shamus Christensen e Drª. Winnifred Boyden querem por este meio informar V. Ex.ª que deu entrada na nossa escola um pedido de matrícula em nome de Samantha Torres Windsor. O pedido foi aceite e concedido, sendo obrigatória a presença depois de receber esta carta. Pedimos que não diga para onde vai a partir do dia 1 de Setembro do corrente ano. A escola é secreta e só estuda aqui quem nós inscrevemos. Mais uma vez relembramos que é de crucial importância o sigilo da sua parte.

Cumprimentos dos Directores
Dr. Shamus Christensen
Drª. Winnifred Boyden

Dobrei novamente a carta, nunca a afastando de mim. O pior dos pensamentos apunhalou-me a alma: “Vou ter de inventar algo ao Hayden. Odeio a ideia de lhe mentir!” Em relação aos meus pais, até que nem seria difícil; eles queriam que eu frequentasse o ensino superior. Podia sempre dizer-lhes que me candidatei e fui aceite. Seria uma felicidade total para eles. Mas ao H? Ele sabia de antemão que eu não queria estudar mais, mas sim enveredar por caminhos das motas. Seria uma grande desfeita; provavelmente, devido à minha decisão, talvez deixássemos de ser os melhores amigos! Meu Deus, quem me dera que não.
Pensei, repensei e voltei a pensar! Se eu era obrigada a ir para aquela escola, teria que o magoar: ao meu Hayden. Já nos conhecíamos há bastante tempo, éramos os maiores confidentes, e agora, isto atravessava-se no nosso caminho. Decidi então escreve-lhe uma carta como “forma de despedida”. Estava completamente frustrada só com o pensamento de que teria que o enfrentar cara-a-cara.
À medida que o dia passava, fui imaginando onde se encontraria a escola...mas ela era secreta, e perguntar a alguém estava fora de questão. Posteriormente, pensei à séria naquele rapaz sem nome e sem rasto. Sabia que eu sentia algo mais e mais forte que atracção, mas isso era uma ilusão. O caso dos meus pais não era grave; é certo que de ensino superior não tinha nada, mas mentir-lhes não seria difícil. Acabei a noite a pensar em H, o meu melhor amigo...como seria difícil de lhe dizer fosse o que fosse. Não iria ser capaz de voltar a falar com ele e, depois desta situação se desenvolver também ele não quereria dirigir-me a palavra. Não sabia de todo o que fazer.
Mais dias passaram e Hayden foi ligando lá para casa; mas eu não atendia, simplesmente não era capaz e, por isso, as chamadas iam acabar sempre na mesma: no atendedor automático, na caixa de mensagens. Faltavam cerca de 10 dias para ir para aquela misteriosa escola. “Mas por que raio me convenci tão depressa que tinha mesmo que ir?! Caramba, ainda nem analisei se quero ou não!” – pensei.
Não voltara a falar com H; cheguei à conclusão de que deixara de viver a minha vida: ir ao cinema, fazer compras (mesmo que não fosse o meu passatempo preferido), sair com os amigos...Tornei-me numa autêntica bola de sabão imperfurável: estava muito fraca a nível mental e, francamente, até o meu aspecto se alterara. Esta situação fazia com que parecesse que eu tinha desenvolvido uma espécie de fobia. Sinceramente, estava farta daquela situação.    


Espero que gostem, comentem para nós sabermos a vossa opinião e voltaremos a publicar brevemente...

3 comentários:

  1. Gostei muito do texto. Estou a aguardar completamente os próximos capítulos!!!
    Não fazia ideia que a minha companheira (Sara) tinha este talento descomunal e agora estou fã :)
    Vá, vá despachem-se a publicar a continuação!
    Bjs

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  2. Gostei sim, Vou lêr os restantes capitulos! * :D

    **

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  3. Só tu, Cristina para me convenceres a vir aqui... e felizmente não estou arrependida... Parabéns às escritoras. Continuem... Beijinhos ;-D

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